sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

A bençao do codigo da vinci


Apesar de tanto discurso populista e tanto discurso igualitário, o cristianismo, com seus valores, tem sido o movimento social mais odiado da história. Parece que a história de Jesus tende a se repetir nos seus próprios seguidores. No texto escatológico de Lucas 21, a expectativa da intolerância já havia sido prenunciada pelo próprio Jesus. Conforme o texto, no final dos tempos a perseguição será ainda mais cruel e perversa. O versículo 16 do mesmo capítulo é assustador: “Vocês serão traídos até por pais, irmãos, parentes e amigos, e eles entregarão alguns de vocês à morte”. Não é impressionante?
Um rápido exame da história mostrará fatos aterradores: no início da Igreja, ela sofreu perseguição de líderes judeus e das autoridades romanas. Nos primeiros séculos, milhares de cristãos foram barbaramente assassinados por imperadores como Nero, Domiciano, Trajano, Diocleciano, entre muitos. Em quase todos os lugares para onde o cristianismo se expandiu, do Oriente ao Ocidente, a história ficou marcada pelo sangue dos mártires. Além disso, a culpa dos crimes históricos do Ocidente, marcados por ódio, violência e desejo de poder, é atribuída ao cristianismo.
É verdade que pessoas que se diziam cristãs cometeram esses atos, mas isso nunca foi o ensino de Jesus e do Novo Testamento. São traidores da doutrina de Jesus ou falsos cristãos. A verdade, porém, é que os Estados comunistas, a Alemanha nazista, os países seculares do Ocidente e os países islâmicos colecionam hoje centenas de milhares de cristãos assassinados só no século XX. A intolerância, já incutida na formação escolar, é impressionante.
O cristianismo e seus valores não têm espaço público, mesmo nos países de maioria cristã nominal; o cristianismo é discriminado e não tem voz na mídia; cristãos são mortos e presos todos os dias em países islâmicos, e nada se faz; nos países ocidentais, cresce a repressão violenta aos valores cristãos, e tudo em nome da “democracia” e “liberdade”: cristãos em favor da vida (contra o aborto) e defensores da família “tradicional” são cada vez mais cerceados e não podem ter voz na “nova sociedade democrática”.
Apesar disso, nada desanima os cristãos. A fé cristã é assim mesmo. Quanto mais batem, mais ela cresce e se fortalece. Esse crescimento foi visto recentemente num lugar proibido para a expressão do cristianismo: o cinema dominante. Em pouco tempo vimos o sucesso estrondoso de “O Senhor dos Anéis”, “A Paixão de Cristo” e “As Crônicas de Nárnia”. É muito cristianismo para tanta intolerância! Em sentido contrário ao enfoque cristão, surgiram filmes dentre os quais vale destacar “O Todo-Poderoso”, “Harry Potter” e o perverso “O Código da Vinci”. Afrontas dirigidas a Cristo e ao Evangelho são bem conhecidas: “Jesus Cristo Superstar” (1973), “A Vida de Brian” (1979), “Je Vous Salue Marie” (1985) e “A Última Tentação de Cristo” (1988). Imagine se o mesmo fosse feito com outras religiões! Se alguém fizesse um filme assim sobre Moisés ou Maimônides, como reagiriam os judeus? E se fosse o caso de Maomé, como responderiam os muçulmanos? E os hindus e os budistas? Imagine Dan Brown, o autor de O Código da Vinci, insinuando, contra uma outra religião, apenas um décimo do que ele escreveu contra o cristianismo! Onde ele estaria escondido agora?
É lamentável, mas é verdade. Há um ataque covarde ao cristianismo na sociedade de hoje! Qual a razão? Provavelmente são várias. Em primeiro lugar, a prática da ética cristã ameaça a exploração do ser humano. Por isso, os poderosos querem diminuir a influência do cristianismo para aumentar seus lucros. Em segundo lugar, o cristianismo, pacífico e amoroso, não reage. Podem bater à vontade. Não vamos devolver o mal com o mal. Assim fica fácil! Por fim, temos o fascínio do escândalo e os lucros milionários. Como Jesus é o nome mais universal da história e tem milhões de seguidores, é claro que qualquer ataque contra Cristo vai chamar a atenção. “O Código da Vinci” está mais para “Código das Trinta”; afinal, o que interessa são “as trinta moedas de Judas”, o puro lucro. A motivação de Dan Brown foi evidentemente financeira.
A obra que virou filme tenta misturar a ficção com a realidade. Confunde a vasta maioria da população que ignora os fatos. Sugere que as principais doutrinas da fé cristã foram inventadas por Constantino. Tenta basear-se em poucos documentos gnósticos muito posteriores ao cristianismo para dizer que Jesus casou-se com Maria Madalena e teve um filho que teria deixado descendentes na França. Aqui está o mistério da busca do Santo Graal. Brown prossegue seu delírio, dizendo que ilustres personagens do passado como Leonardo da Vinci, membro do suposto Priorado de Sião, escondia o tal segredo que destruiria a igreja católica caso descoberto. É loucura total.
Por incrível que pareça, a grande verdade é que esse filme será uma grande bênção para a fé cristã. No final das contas, o resultado será oposto ao propósito de Dan Brown. O cristianismo é diferente! A maior bênção para o cristianismo na época da Igreja Primitiva foi a perseguição. Quanto mais eram perseguidos, mais o Evangelho avançava. O fato é que o cristianismo incomoda. Os seus adversários não conseguem ficar quietos. Precisam fazer referência a ele. Nem que seja a mais cruel e injusta. Isso faz com que Jesus esteja sempre nas manchetes do que se publica no mundo. Vejam o que acontecerá como resultado da obra de Brown:
1. A maioria das pessoas terá a curiosidade despertada. Todo o mundo vai querer saber se “isso é assim mesmo”! Milhões de pessoas vão ler o Novo Testamento como conseqüência de uma curiosidade natural. Vão querer verificar na fonte.
2. Os cristãos menos interessados serão desafiados. Muitos irão lhes perguntar: “E aí, você que é de igreja, diga-me como é que as coisas são de fato!” O cristão terá que se preparar para dar uma resposta adequada.
3. Muitas igrejas irão fazer palestras e eventos para discutir o assunto e explicar a realidade.
4. Quando as pessoas descobrirem que a história do filme não tem fundamento, ficarão com “a pulga atrás da orelha” e se perguntarão: “Por que fizeram isso? Que intolerância!”
5. Finalmente, como os cristãos não “devolverão na mesma moeda”, ficará comprovado que somente a doutrina de Cristo pode fazer alguma coisa em benefício desse mundo sem esperança.
Afinal de contas, devemos todos nós, cristãos convictos, dizer: “Pai, perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem” (Lc 23.34), isto é, “não sabem o que escrevem”, “não sabem o que filmam”.

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